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Do CD “Antonio Carlos Jobim – Songbook vol. 4”, Lumiar Discos LD 108.303 (1996)

Desde menina
Caprichosa e nordestina
Que eu sabia
A minha sina era no Rio vir morar
Em Araripe eu topei com o chofer dum jipe
Que descia pra Sergipe
Pro serviço militar

Esse maluco me largou em Pernambuco
Quando um cara de trabuco
Me pediu pra namorar
Mais adiante
Num estado interessante
Um caixeiro viajante me levou pra Macapá

Uma cigana revelou que a minha sorte
Era ficar naquele Norte
Eu não queria acreditar
Juntei os trapos com um velho marinheiro
Viajei no seu cargueiro
Que encalhou no Ceará

Voltei pro Crato, fui fazer artesanato
De barro bom e barato
Pra mode economizar
Eu era um broto, também fiz muito garoto
Um mais bem feito que o outro
Eles só faltam falar

Juntei a prole e me atirei no São Francisco
Enfrentei raio, corisco
Correnteza e coisa má
Inda arrumei com um artista em Pirapora
Mais um filho e vim-me embora
Cá no Rio vim parar

Ver Ipanema foi que nem beber jurema
Que cenário de cinema
Que poema à beira-mar
E não tem tira, nem doutor, nem ziguizira
Quero ver quem é que tira
Nós aqui desse lugar
E não tem tira, nem doutor, nem ziguizira
Quero ver quem é que tira
Nós aqui desse lugar

Será verdade que eu cheguei nessa cidade
Pra primeira autoridade
Resolver me escorraçar
Com a tralha inteira remontar a Mantiqueira
Até chegar na corredeira
O São Francisco me levar

Me distrair nos braços de um barqueiro sonso
Despencar na Paulo Afonso
No oceano me afogar
Perder os filhos em Fernando de Noronha
E voltar morta de vergonha
Pro sertão de Quixadá

Tem cabimento
Depois de tanto tormento
Me casar com algum sargento
E todo sonho desmanchar
Não tem carranca
Nem trator, nem alavanca
Eu quero ver quem é que arranca
Nós aqui desse lugar
Não tem carranca
Nem trator, nem alavanca
Quero ver quem é que arranca
Nós aqui desse lugar

FICHA TÉCNICA:

Arranjo e piano: Leandro Braga
Percussão: Beto Cazes
Baixo elétrico: Bororó
Flauta: Chico Sá
Viola: João Lyra
Sax soprano: Zé Nogueira